sábado, fevereiro 16, 2008

Body Mind Madeira

Body Mind Madeira é o nome da última campanha de Turismo com o destino Madeira. Já terá uns 3 anos e é tema de um post do Box-M da autoria de Roberto Xavier. Ao que parece começam a aparecer os primeiros resultados desta campanha, pelo menos em Espanha - 37% de aumento de ano para ano de turistas espanhóis. Muito bom.
Ainda assim tenho muitas reservas sobre esta campanha que, de alguma forma, acho que se trata de publicidade enganosa.
Se bem se lembram até há uns 4 anos, em vez do cartaz que vemos em cima, era divulgado um que tinha uma foto parecida com a que está abaixo.
Em boa verdade, esta onde se mostra uma parte da zona turística banhada de sol e com o mar por perto, está mais próxima do modelo de desenvolvimento que foi escolhido para a Madeira. Este modelo, mais ou menos copiado do que se fazia por terras do Algarve e na vizinha Espanha, assentava numa oferta ao turismo massificado que procurava uma semana a aboborar num qualquer hotel com piscina e um solário perto dum bar com cocktails tropicais.
Este modelo induziu um desenvolvimento que, desacompanhado dum efectivo ordenamento urbanístico, nos conduziu ao estado em que nos encontramos agora: uma paisagem urbana descaracterizada por construções fora da escala consolidada, uma paisagem rural que alterna entre uma Costa Norte ainda preservada na sua inegável beleza e uma Costa Sul destruida pela urbanização descontrolada e desqualificada e, infelizmente, um património madeirense que aos poucos se desvanece.

A nova campanha revela dois aspectos interessantes: em primeiro lugar renega e esconde os resultados do modelo de desenvolvimento implementado, por outro só apresenta, ou pelo menos só sublinha, os encantos naturais da ilha.

Quanto ao primeiro aspecto acho perigoso apresentar uma campanha que revele apenas um lado do produto. Um turista que aqui venha parar, trazido pelas imagens de levadas, da floresta laurisilva e das escarpas dramáticas da Costa Norte em dias de sol, pode sentir-se ludribiado quando encaminhado ao cabo Girão ter de passar pelo descalabro de casas assinadas por colegas do eng. José Sócrates, quando fizer a levada dos Piornais ver os montes de lixo despejados à sua beira, ou antes de chegar à deslumbrante levada do Caldeirão Verde ter de suportar a poluição visual composta por uma série de pardieiros.

Quanto a segundo aspecto acho pena que se sublinhe apenas os valores naturais e ainda preservados da ilha. O destino da Madeira é muito mais que isso. Felizmente. O turista que vem à Madeira, além de poder usufruir daquelas paisagens fantásticas tem a vantagem de estarem a cerca de uma hora duma cidade como o Funchal podendo usufruir de uma vida relativamente cosmopolita. O clima e o mar acessivel de muitos hotéis ou lugares públicos serão também um factor atractivo que não se pode desprezar mesmo quando alguns desses sítios não primam por um encanto especial.

Para além dos defeitos que encontro nesta campanha é notório que a política de desenvolvimento do território tem estado desfazada do destino que agora se quer vender.
Poderia até ter acontecido que, o princípio desta campanha iniciada no mandato de João Carlos Abreu, estivesse em sintonia com uma nova politica de ordenamento do território.

Infelizmente tudo indica que não....

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