quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Afinal não...

no Público de hoje, pág 2:

O "Líder Máximo" começou ontem a despedir-se. Abandona a chefia do Estado mas não abdica do poder. Quer pilotar a sua sucessão e o início de um perigoso processo de transição
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"Não me despeço de vós. Desejo apenas combater como um soldado das ideias." Deixa o Governo, não o poder.
Fidel, de 81 anos, não renuncia, pelo menos imediatamente, ao cargo de secretário-geral do Partido Comunista, a sede real do poder. Deu a entender que deseja preparar e supervisionar a fase de transição que inevitavelmente se abre. Tão ou mais importante do que o nome do sucessor será entender o papel que deseja desempenhar nos seus derradeiros dias.
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Na sua carta aos cubanos, publicada na edição on-line do diário oficial Granma, há duas passagens particularmente importantes. "Preparar [o povo cubano] para a minha ausência, psicológica e politicamente, era a minha primeira obrigação depois de tantos anos de luta. (...) O meu desejo sempre foi cumprir o meu dever até ao último alento. É o que posso oferecer."
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O Parlamento (Assembleia Nacional do Poder Popular) reunir-se-á no domingo para eleger o Conselho de Estado, o supremo órgão político. Admite-se que possa também decretar uma larga amnistia para presos políticos.
Ninguém crê numa abertura política rápida, pelo contrário. As prioridades das reformas referidas desde Julho por Raúl Castro incidem na economia e na melhoria do nível de vida da população, não em liberdades políticas. Os cubanos exprimem cada vez mais abertamente o seu descontentamento. A direcção castrista aprecia o modelo autoritário chinês. O seu fantasma é a perestroika de Gorbatchov.
Enfim, Fidel começou ontem a despedir-se, abrindo um inelutável processo da transição, que nunca se sabe onde pode levar.

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