sexta-feira, janeiro 06, 2006

Património

UMA QUESTÃO DE ESCALA


A notícia que vem relatada hoje no DN-madeira é mais um daqueles inúmeros casos que revelam a “atenção” com que o Dr. Miguel Albuquerque trata o Centro Histórico do Funchal. A noção que se tem da conservação do património histórico da cidade, que passa apenas por macaquear a chamada “arquitectura tradicional”, tem conduzido à destruição do carácter da cidade. Um dos principais factores é, como no exemplo da Rua da Carreira o desrespeito pela escala do Lugar.
A Rua da Carreira, ainda seguindo o antigo Plano de 72 de Rafael Botelho, tem a maioria dos edifícios de acordo com uma cércea equivalente a 3 pisos mais um piso recuado de vez em quando. Aparece uma ou outra excepção, principalmente de “peseudo recuperações” pós anos 90, ou então de algumas alarvidades cometidas nos anos 70, como a pensão em frente ao antigo cinema. Ainda assim, consegue-se perceber a escala daquela zona da cidade.

Desta nova equipa executiva esperava-se um pouco mais. Mas aparece agora o Sr. Vereador João Rodrigues a expor uma visão “matemática” do PDM: cumpre o PDM porque os 4 pisos licenciados correspondem à média das cérceas das ruas. Não está completamente errado. Sob o ponto de vista da matemática é mais ou menos defensável. Mas, numa zona consolidada, no centro histórico, perto de uma edifício de valor patrimonial local, havia que ter uma pouco mais de sensibilidade e bom senso. No local é fácil de ler que a frente do quarteirão para a Rua da Alegria assim como para a Rua da Carreira, tem 3 pisos mais um recuado. Portanto, a intervenção mais correcta para ali deveria completar o quarteirão com uma volumetria igual à existente.
A falta de um instrumento estratégico para a conservação do Centro Histórico, leva a que situações deste género continuem a acontecer. Infelizmente.

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